terça-feira, 29 de maio de 2007

~> Estilo ♥


Estilo marcado pela objetividade, concepção de amor baseado na atração sexual, com ênfase nas características negativas das personagens, o Naturalismo legou-nos romances em que é possível perceber a grande influência de Darwin e A Origem das Espécies: o meio ambiente condiciona todos os seres, deixando sobreviver apenas os mais fortes. Por isso, a natureza de todos os seres, inclusive a do homem, seria determinada por circunstâncias externas. A vida interior é reduzida a nada. Em Luzia-Homem, tais pressupostos são nítidos, basta que se observe a caracterização e trajetória das personagens. Luzia, por exemplo, está fadada a sucumbir, pois num jogo de forças com o vilão, de nada valeu sua força física, assim como não valeram seus bons sentimentos e até a doçura de alma escondida atrás de tantos músculos. Tornou-se, portanto, vítima da fatalidade das leis naturais, que a impediam de ter outro destino. A morte como desfecho vem coroar esse determinismo, pois é a única saída possível para a personagem. Não há a menor possibilidade, nos romances desse estilo, de ocorrer um acaso ou ‘‘milagre’’, comuns em romances românticos, em favor da personagem.

Crapiúna, por sua vez, tem sua trajetória iniciada pelo interesse por Luzia, porém, um interesse que vai, aos poucos, se transformando em um caso patológico. Portanto, seu comportamento é coerente com sua obsessão e não há limites que o impeçam de realizar seu intento: ter Luzia a qualquer preço, não porque sentisse amor profundo, mas porque sua atração era sexual, cada vez mais atiçada pelas recusas da moça. Ele é, então, um personagem previsível, já que, pela lógica naturalista, seu destino também estava determinado.

Em tudo, o autor foi fiel à tendência literária da época: a rudeza e brutalidade das cenas, a crueza dos episódios, o entrechoque dos instintos, a intensidade das forças desencadeadas. A cena final do romance é exemplo perfeito dessas características: a violência que Crapiúna usa contra Terezinha e Luzia é assustadora. A reação de Luzia é ainda mais assustadora: arranca com as unhas um dos olhos de Crapiúna e morre com aquele macabro troféu entre os dedos da mão direita enquanto que, sobre o peito, misturados ao sangue que jorrava, murchavam os cravos que lhe dera Alexandre.

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